quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012



Ela brilhava mais do que os diamantes que ganhava. Muito mais do que um símbolo, uma mulher. Uma mulher que amava e só desejava felicidade. Seu riso contagiava, mas por debaixo de tanto pó de arroz e carmim estava triste. Sua casa sempre lotada, mas estava sempre sozinha. Todos queriam um pedaço dela, uma mercadoria barata. Ela só queria dormir mais um pouco, esquecer de tudo aquilo que a possuía. Enquanto ela fugia os anos foram passando e nada mudou. Apelou para anúncios em jornais, mas não encontrou ninguém. E ela era tão linda e triste. Ninguém conseguia enxergar além. Ela era linda e temia o espelho. Ela era linda e temia o telefone, temia o tempo, temia a solidão e ela só queria dormir, mas já não conseguia. Ela já não tinha mais nada para dar, estava vazia e lá estavam os comprimidos tão coloridos que brilhavam mais que seus diamantes. Ela admirou sua promessa de felicidade, uma felicidade que só seria possível em sonho. Então ela dormiu, sem se preocupar com a maquiagem que usaria caso não acordasse. Dormiu Marilyn para acordar Jean.

Um comentário:

  1. Maravilhoso esse texto Maria Lúcia!
    Você falou com cuidado e sutileza sobre ela!

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