terça-feira, 23 de abril de 2013



Sentada às quatro da tarde na varanda com minhas pernas penduradas na janela não sentia medo da altura, não sentia medo de nada. Estava feliz, plena, leve, mais parecia que havia engolido um sol. 
Então me lembrei da conversa que tive em uma manhã inquieta quando não conseguia parar de gesticular. Conversava com a personificação da minha consciência e que não tinha receio algum em dizer as verdades que eu pretendia adiar e ignorar até não restar mais nada em mim apenas o que já quase enchia um copo. Um líquido que pesava a transbordar e que me agoniava ainda mais. Fazendo da minha inquietação minha única característica e eu tinha que torná-la uma atitude e quem sabe uma virtude. Precisava anular aquele sentimento e fazer da minha viciosa característica um movimento. Diego talvez não tenha percebido, mas seu direcionamento havia trazido consistência à minha inquietação e todas as vozes confusas em minha cabeça agora estavam mais calmas e ditavam apenas um discurso. 
Meu caminho mudou. 
Ainda sentada com minhas pernas penduradas e relaxadas olhando para o céu que agora escurecia e começava a realçar alguns pontos reluzentes, lembrei de quando o ofereci meu céu de estrelas errantes e o agradeci em silêncio por ter me devolvido minha inspiração. 

Mãos que desenham mãos. Atitudes e discursos que brigam entre si para decidir quem prende quem. Quadros que só são quadros dentro de molduras.
Coisas que se fecham dentro de outras e que nunca são inteiras.
E então me sinto apenas uma coisa que não consegue ser entendida por não caber em nenhum limite. Apenas resistindo para conseguir ser inteira e muitas vezes apenas existindo.

segunda-feira, 22 de abril de 2013



Não existe uma maneira fácil de distanciar o que antes era próximo, mas aconteceu de uma forma que nunca imaginei. Disse coisas cruéis e você as fez e hoje só existe uma memória limpa de nós dois. Vou guardar, pode deixar amor...
Terminamos de sujar nossos lençóis que já estavam encardidos.
Preferia poder olhar para você e entender o motivo de termos ficado juntos, mas agora não o conheço mais e você sujou e desperdiçou o laço que imaginei ser um nó, mas que estava mais para entrelaçar de dedos e assim o desfizemos... Soltamos-nos sem nem perceber, sem muito contato e com atitudes imbecis.
Sua ausência ao invés de esvaziar preencheu e agora estou cheia de mim e aos poucos recuperando o que nunca poderia ter perdido. 

domingo, 21 de abril de 2013


Fujo da hora de ir dormir e fujo da hora para não acordar. Andando pela praia naquele sol confortante de início de dia você matou a minha manhã e já não conseguia enxergar o caminho de diamantes até o final do horizonte. Andando, correndo e calando minha mente sem nenhuma certeza só consegui perceber o passarinho esmagado no asfalto e o pombo que dormiu recebendo a brisa embaixo de um banco e não conseguiu acordar. A praia estava morta ou seria eu? Por que não consigo sentir saudade sua e ao mesmo tempo não quero imaginar minha vida por muito tempo sem você? Mas eu continuei andando, sem olhar para o que estou aprendendo a deixar ir de mim.
Uma semana inteira passou e nunca estive tão distante de você e às vezes acho que já nem lembro direito da sua fisionomia, mas quando o vejo em alguma foto e imagino a vida que pode estar tendo sem mim sinto raiva das suas caretas e trejeitos.  Sei que se o encontrar um filme inteiro voltará dentro de mim e sentirei uma saudade tão grande e continuarei no mesmo lugar que estou.  Parada, esperando as soluções e a felicidade caírem do céu, do seu céu. Procurando transformar meus sonhos enquanto você tenta me encaixar na sua vida.
Não quero que precisemos de psicólogos, de ausências para conseguirmos construir um relacionamento “perfeito”, para entender nossos sentimentos. Não quero distribuir culpas e não quero que nos julguem pelo o que estamos fazendo. Amor? Amor desgasta e às vezes preferimos o que é mais fácil e por mais que nem sempre seja o melhor é bem mais fácil ser egoísta. Não quero desconfiar de você e não quero ser obrigada a fazer coisas que não quero fazer e que talvez já esteja fazendo.
A verdade é que você preferiu a ideia de que talvez outras pessoas me beijassem, outras pessoas me tocassem e ilusoriamente me amassem. Você preferiu correr o risco de me perder por um bem maior que pode nunca chegar.
Só quero que você volte logo e desmanche mais uma vez esse meu pessimismo realista que nada tem a ver com o “Diário de uma paixão” ou se não quiser... Apenas continue onde estar.