quinta-feira, 15 de novembro de 2012

2 anos de sentimentos jogados no lixo sem piedade alguma. 24 meses de manipulação dos meus sentidos. Não tenho quem culpar... Eu quis te enxergar melhor do que realmente era. 720 dias ignorados em apenas alguns minutos, realmente fiz de um nada meu tudo e o problema era apenas meu... Não tinha direito de te questionar nada, mas mesmo assim fiz.
Me neguei a acreditar que 17280 horas pudessem se resumir a papéis amassados no lixo como um rascunho mal feito que se ignorado é como se nunca tivesse existido. Me neguei a acreditar nesse desperdício de tempo, o meu lixeiro transbordou e ainda não tive paciência de limpar 1036800 minutos de papel pela casa.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Chega de tons pastéis, de tanta meiguice, de se vestir como uma boneca e agir como uma. Não negue o vermelho que rubra sua pele e que a despe no calor. Não cubra, não esconda. Seja o que você sente. Liberte seu corpo e não se envergonhe. Alongue seus braços e pescoço. Estique as pernas e plante bananeira, deixe seu mundo virar de ponta cabeça. Permita-se gargalhar sem motivo até sentir que esse sorriso vibra e passeia como ondas pelo seu corpo. Não programe o que precisa ser mudado na sua vida, apenas acorde diferente.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012


Dia após dia um monstro cresce e se solidifica dentro de mim. Ele é expansivo e já não sei o que ainda é meu dentro de mim. Espalhafatoso, dramático, dissimulado, mesquinho, insensível e perdido. Ele brinca com o meu corpo, muda o meu gosto... Arranha, queima, azeda e salga a minha alma e tudo é suor, vapor, embriaguez, fumaça e pés trocados.
Sexta à noite, meu monstro só queria se alimentar de atenção. Não lembro, não sinto... Só sei que cheguei massageando as costas dos azulejos com as agulhas dos meus saltos, acendi a casa, abri a geladeira, sentei no chão e lá fiquei.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012


O tempo passa no peso da distância que ofusca laços eternos. O tempo corre nos nossos amigos que se vão, mostrando o quão frágil e efêmera é nossa existência. O tempo para nas linhas cada vez mais evidentes na frente do espelho. A vida deixa marcas muito mais invasivas e definitivas do que tatuagens. Crescer se confunde com endurecer e depois quebrar.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Que amor nojento. Um amor egoísta, mentiroso, doloroso e sufocante. Quantos anos nós precisaremos perder até que você perceba que isso não é amor? Deixe-me ir e talvez até acredite que nesse “amor” também exista espaço para mim.
Que amor é esse que cega e não o deixa perceber que eu murcho cada vez que você se aproxima? Amor tão mesquinho que nem ao menos se importa com a felicidade do objeto amado.
Sinto-me velha, algemada a um passado que nem parece ser meu.
Sinto-me tão sozinha, mas esta é a única coisa que ainda me conforta.

sábado, 14 de julho de 2012

"Comfortably numb"

Enquanto tragávamos aquele riso não conseguia sentir dor nenhuma e tudo parecia estar tão quente que quando molhei minha cabeça na pia da cozinha desceu um arrepio que tremeu meu corpo inteiro. A cachaça queimava minha garganta e assim como meus dedos com marcas de brasa ela também não sentia nada. Dor e morfina caminhando juntas e saindo em forma de vapor pelos meus poros. O tempo parecia parar. Tudo estava lento e o chão se abria em agulhas enquanto me deitava e rolava por cima de suas pontas geladas.
Era tão confortável, dividi meus delírios e minha embriaguez com meu analista em forma de fumaça que analisava e arrepiava minhas coxas. Minha pele pedia toque, minha boca pedia beijo, meu corpo pedia alma e minha alma pedia calma.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Mãe

Até você voltar para mim eu vou acordar todos os dias às 6 da manhã. Vou escutar suas músicas, forrar a cama, tomar banho de alfazema e pentear o cabelo. Vou reclamar do bom humor de papai pela manhã e tomar café com leite. Vou falar com aquela voz irritante com as gatas, andar arrastando a sandália pela casa e ter mania de limpeza. Vou visitar vovó, vou cozinhar e pode deixar que eu não vou esquecer de lavar a louça. Vou manter as portas fechadas para Sophie não fazer xixi em nenhum quarto e quando eu for sair vou trancar a porta da casa e sempre andarei com a chave. Vou conversar com as gatas, sentar na sua cadeira, assistir televisão e colocar o meu pé em cima da gorda (gata). Vou proteger minhas irmãs e amaciar papai. Encher a casa de incensos e falar, falar, falar muito. Vou falar do trabalho que tive o dia inteiro e que ninguém reconheceu. Vou falar dos ciúmes de papai e vou terminar o dia fazendo papa e assistindo novela. Vou tomar aquele banho que enche a casa com um cheiro que é a mistura dos seus incensos, perfume de alfazema, creminho na mão e a sua doçura natural.  Vou beber água milhares de vezes antes de dormir e distribuirei beijos de boa noite. Vou deitar no seu lado da cama sentindo seu cheirinho no travesseiro e virada para o espelho do armário, alisando meu próprio cabelo. Vou adormecer escutando música e quando acordar eu vou reclamar do ronco de papai.
PS.: Domingo é dia de missa, não estou esquecida!

Beijos do seu chaveirinho.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Caminhando em direção ao mar, curtindo o primeiro banho de luz do dia assisti as ondas quebrarem em pequenas gotículas que beijavam o meu rosto. A espuma abraçava meus pés e o céu abençoava o meu dia. Perdi meu olhar no horizonte onde as águas são feitas de diamantes. Abri meus braços e abracei o vento. Enquanto meus pés afundavam minhas lágrimas também salgadas pingavam no mar. Naquele momento eu era toda felicidade e esse sentimento era capaz de preencher meu coração a ponto de explodir. Não conseguia parar de rir quando a água tentava roubar minhas sandálias e o vento brincava com o meu cabelo. As ondas faziam desenhos ao meu redor e água era absorvida tão rápido que parecia evaporar. Tudo brilhava. Era 6 da manhã e eu não entendia como podia ter passado tanto tempo dormindo... Enfim fiz as pazes com o dia.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sinceridade.

Toda a loucura do mundo fez sentido num abraço seu. Seus braços longos, tentáculos perdidos em meio à escuridão me ninando e me abraçando do mundo. Suas mãos brincavam e ensinavam a direção às minhas. Seu toque diluía minhas tensões e me curava aos pouquinhos. Seus dedos deslizavam curiosos se perdendo entre recusas.
Fechava meus olhos ao sentir a ponta do seu nariz deslizando no meu rosto e pescoço. Tudo me convidava. Era silencioso e acalentador. Conseguia enxergar toda a sinceridade e compreensão que vinha daqueles olhos verdes que apaziguavam meu coração. Não conseguia parar de olhar para eles e não entendia como podiam brilhar ainda mais no escuro.
A cada abraço minhas mãos desesperadas apertavam seus braços enquanto eu afundava meu rosto no seu peito chorando na sua pele quente.
Eu queria dormir em você.  Queria abraçar até que parasse de doer aquela dor que eu não entendia e que até então não a tinha percebido. Queria respirar ofegante brincando com seu rosto e aprendendo você nos detalhes que passariam facilmente despercebidos se eu não me importasse. Queria ser toda verdade para então tornar-me a sua.
Você não conseguia ver o quanto eu o desejava. Eu não tinha nada para dar. Estava tão pequena entre os seus braços, oca e quebradiça.

domingo, 1 de julho de 2012

Abortei.

Lembro de me embriagar com seu gosto de uísque e de enrijecer meu corpo quando você tentava me conduzir numa dança. Lembro do seu cheiro de conforto e de me deitar ao seu lado e começar a tagarelar para não o deixar dormir, de passar minhas mãos nos seus braços e de deitar minha cabeça no seu peito, de abraçar você e pedir para sentir seu peso sobre mim. Lembro de enlouquecer com seu corpo incrivelmente branco e sua pele macia, de puxar seus ombros em minha direção afiando minhas unhas em você, de enrolar meus dedos nos seus cabelos e de pedir para aquilo nunca ter fim.
Costumava andar nas suas costas, conversar enquanto estávamos no banheiro, beijar sentindo a água do chuveiro chover em nós, usar seu xampu, o observar enquanto fazia a barba, escutar música e comer sanduíche com requeijão. Costumava me enciumar com facilidade, de ter tanto medo de perder aquela ilusão, beber demais e terminar chorando abraçada nos seus braços imóveis e temendo seu olhar de repressão. Gelando no branco da sua pele.
Lembro de olhar para você enquanto fumava seu cigarro e bebia seu chá apoiado na janela tão perto e distante de mim, de olhar você andando no corredor e de retocar meu batom vermelho me enrolando no lençol tentando chamar sua atenção para trazê-lo de volta para o quarto. Lembro de sentir sua respiração no meu pescoço enquanto dormíamos e de me aconchegar em você e de adorar ser surpreendida durante o sono com um abraço seu.
Costumava ficar feliz em freqüentar jogos de futebol, torcia pelos abraços seguidos de pulinhos vindos em sequência depois dos gols e adorava quando chovia e você me abraçava para tremermos juntos.
Lembro de temer as unhas do seu cachorro nas minhas meias e de você limpar meu vestido dos fiapos soltos. Lembro do meu olhar terno quando o vi tão preocupado em salvar o passarinho na varanda. Lembro de sair com você para comprar tênis, balas, guarda-chuva e auxiliar na compra de roupas.
Costumávamos beber água no gargalo, manchávamos os moveis com marcas de copo e desforrávamos a cama.
 Lembro de tantas conversas, mas também me lembro do silêncio que crescia entre nós. Lembro do desconforto, da falta de empolgação, dos atrasos, da falta de faíscas no toque. Lembro de sentir saudade do jeito que você já não me olhava, de sentir saudade da paixão que deu lugar ao comodismo. Os encontros foram tornando-se mais escassos. Derrubamos o copo com nossos beijos e não nos beijamos mais.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Sonho.


Sonhei que tinha um besouro no meu quarto, batendo zonzo  e caindo com dificuldade de se levantar. Vibrando as azas e embolando. Tentei acertá-lo uma vez e ele escapou, na segunda ele se encolheu todo. Tentando se proteger e ao mesmo tempo com medo, só esperando a chinelada fatal. O humanizei de tal forma que ele ficou mais humano do que muito “humano” por aí.
Abri a porta e corri para o banheiro e senti um alívio quando ouvi o zumbir das asas dele escapando pela janela. Lembro de passar tanto tempo penteando meu cabelo e olhando para o espelho e era uma felicidade tão real para um sonho.
Depois me vi num cinema, conhecia todo mundo que estava lá. Quando olhei pro lado dei de cara com o meu ciúme em forma de mulher e engoli seco. Toda aquela felicidade que senti ao recuperar parte da minha humanidade salvando um besouro foi embora, me virei para o outro lado e beijei qualquer um e corrompi meu amor e meu ciúme. Perdi minha razão. Depois o meu amor me beijou porque ele passou a me corresponder (momentaneamente) só porque teve medo de perder a cômoda sensação de que alguém o amava. Quando ele percebeu que nunca tinha perdido nada, voltou a ignorar e eu além de ter corrompido meu amor, meu ciúme e a mim corrompi também o estranho.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Bilhete de geladeira


Você nunca mentiu para mim, então não minta agora. Estou cansada de ficar me enganando, talvez eu precise ter coragem de externar isso em voz alta. Gritar para o meu espelho ou chorar isso nos seus ombros. Diga que não sou especial e que estamos apenas acomodados... Preciso sentir isso. Vai arder; esquentar; latejar, mas depois vai passar. Quero que bata em mim, mas depois me abrace forte. Forte o bastante para que eu não consiga sentir mais nada.
Quero que me pegue pelos braços, me chacoalhe e me ajude a fazer isso porque sozinha eu não consigo.
Sinto sua falta.  

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Meu coração parecia querer explodir e minha cabeça girava e nada fazia sentido, eu só queria descer daquela roda gigante desgovernada. Minha vida um eterno carrossel sempre rodando no sentido anti-horário, sem evoluir, vivendo de passados, presa no meu castelo de horrores... Tentando recuperar o que nunca foi meu.
Deitada no meu quarto observando meu teto que afunilava e que tudo coloria como em um circo. Fechei os olhos e pintei. Pintei em meu corpo tudo aquilo que clareava e adocicava minha alma tão cheia de remendos. Doces, pássaros, árvores, contos de fadas e quando abri meus olhos só faltava avermelhar meu nariz e meus lábios. Ao olhar no espelho aquela imagem colorida e engraçada sorrir ficou tão fácil, a vida ficou fácil.
Saí do quarto dançando em ponta de pé como em um ballet engraçado. Fui dando pontos e costurando o que se desfazia em mim.
Quando fui para a rua descriminaram meu nariz vermelho e todas aquelas outras cores, mas encontrei meu soldadinho de chumbo. Meu soldado tão certo na sua armadura, mas que se intimidava com cada salto e rodopio meu. Ele não conseguia entender como podia me achar tão linda se eu era tão diferente do que ele conhecia... Como todas aquelas cores combinavam tão bem entre sim, como podia gostar tanto da vertigem que sentia enquanto girava ao redor dele.
Meu corpo todo sorria ao constranger o soldado. As extremidades dos meus dedos e orelhas aqueciam e esse calor parecia atingir meu coração como em um abraço que o deixava tão pequenininho. Me sentia tão segura ao lado do meu soldado.
Podia dançar em qualquer trampolim porque meu soldado seria minha cama elástica que me impulsionaria sempre para cima e depois me acolheria em seus braços.
Porém estava errada e ele não me segurou.

domingo, 11 de março de 2012

Eu não quero falar em terceira pessoa. Não quero distanciar a verdade de mim. Não quero detalhar lugares, cores, cheiros, sentimentos e pessoas. Não quero me preocupar com a estética daquilo que escrevo. Hoje eu só preciso de um espaço para fugir um pouco da minha capa de fortaleza e indiferença. Porque eu estou tão cansada de vestir uma mentira, continuar um assunto e forçar um sorriso que machuca e marca minhas bochechas.
Passei a noite em claro, olhando a TV, mas sem absorver nada. Desenhando e amassando o papel. Com sono, mas com preguiça de dormir. Com os olhos pesando e sendo consumida pela minha inércia. Depois do banho melhorei um pouco, fui me deitar rindo à toa com o roçar do pêlo da minha gata pelas minhas pernas e olhando para a janela deixei minha mente vagar sem propósito.
Era uma manhã de domingo lilás e chuvosa. Tão confortável naquele momento. Silenciosa, só ouvia o barulho do ventilador e os pingos ritmados que choravam no vidro da minha janela. Alguma coisa que eu não conseguia identificar dentro de mim chorava junto, mas sem desespero algum. A calma reinava dentro de mim, ela conseguia controlar cada emoção que se guardava sem grandes esforços. Como um choro com preguiça de ser chorado. Terminei dormindo sem hora para acordar, sendo ninada pela chuva e pela preguiça que me acalmava, confortava e me parava. E eu só precisa disso... Um tempo para respirar.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Passei da euforia desenfreada para uma calma que assustava. Sentei no chão gelado do banheiro, senti a parede grudar nas minhas costas e passei horas olhando para a tesoura de cortar tecido, analisando meu reflexo em suas lâminas que cortavam juntas e nunca estavam sozinhas... Conseguia sentir meus traços pesando toneladas cortando meu rosto em lágrimas que dançavam juntas na mesma direção, pulando do meu queixo para cima do meu busto como retalhos de tecido que caem no chão sem dor alguma. Me levantei e olhei fixamente o espelho, tentei falar alguma coisa para aquela pessoa que eu tanto observava, mas não conhecia... Que me surpreendia a cada dia com uma linha nova, com mais algum sentimento a ser maquiado e algum medo a ser disfarçado. Então, antes de não conseguir mais conter meu riso que se misturava às minhas lágrimas impacientes abri a porta do banheiro e corri em direção ao quarto jogando tudo para o chão tentando encontrar alguma mentira para maquiar mais alguma coisa. Tentando encontrar algo que fizesse sentido em toda aquela bagunça. Canetas coloridas, batom carmim, pó de arroz, sombras cintilantes... Carreguei tudo que podia segurar e voltei para o banheiro, ainda trêmula e tentando secar o rosto para poder me pintar. Tatuei meus desejos e desculpas, pintei meu rosto e me borrei toda com tanto vermelho... Meus dedos colavam por causa do esmalte escarlate que latia todas as minhas inseguranças.
Peguei a tesoura de novo e comecei a passear sua ponta no meu corpo com um toque leve que enrijecia meus músculos e arrepiava minha pele. Passei minhas mãos no meu cabelo... Puxei, baguncei e senti dor, mas quando cortei não senti nada e como uma compulsão cortei de forma irregular cada pedaço de cabelo que restava. Comecei a gargalhar de puro nervosismo e alívio. Voltei a passear a tesoura pelo restante do meu corpo dessa vez com um pouco mais de segurança, arranhando e marcando os lugares que deveria cortar. Então cortei! Minha intenção era deixar de ver tudo aquilo que me incomodava diariamente, desviar a atenção para outras coisas, me esconder atrás daquilo que impediria as outras pessoas de enxergar o que eu realmente sentia e era. Quando terminei de cortar e voltei a me olhar... Estava linda! Saí de casa calmamente, andando na rua e sentindo todos aqueles olhares em minha direção. O suor escorrendo entre meus cortes ardendo cada brisa que me abraçava nesse novo começo. Virei meu rosto em direção a todo aquele sol que me acolhia e queimava por todos os lados.
Agora eu conseguia sentir e finalmente me descobri linda!

domingo, 26 de fevereiro de 2012


Transforma em papel e vem pintar, brinca com teu lápis de cor para colorir... Vem enxergar o novo no mesmo, encontra sabor em mim! Clarear minhas sombras, esfumaçar tuas ausências em mim, encontrar ar nos meus espaços... Vem! Vem me ninar com teus traços, transformar minha tristeza em algo bonito a ser admirado... Vem não me deixa mais ser triste sozinha, pinta tua tristeza em mim também.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012



''Diego está na minha urina, na minha boca, no meu coração, na minha loucura, no meu sono, nas paisagens, na comida, no metal, na doença, na imaginação. '' Frida Kahlo






quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012



Ela brilhava mais do que os diamantes que ganhava. Muito mais do que um símbolo, uma mulher. Uma mulher que amava e só desejava felicidade. Seu riso contagiava, mas por debaixo de tanto pó de arroz e carmim estava triste. Sua casa sempre lotada, mas estava sempre sozinha. Todos queriam um pedaço dela, uma mercadoria barata. Ela só queria dormir mais um pouco, esquecer de tudo aquilo que a possuía. Enquanto ela fugia os anos foram passando e nada mudou. Apelou para anúncios em jornais, mas não encontrou ninguém. E ela era tão linda e triste. Ninguém conseguia enxergar além. Ela era linda e temia o espelho. Ela era linda e temia o telefone, temia o tempo, temia a solidão e ela só queria dormir, mas já não conseguia. Ela já não tinha mais nada para dar, estava vazia e lá estavam os comprimidos tão coloridos que brilhavam mais que seus diamantes. Ela admirou sua promessa de felicidade, uma felicidade que só seria possível em sonho. Então ela dormiu, sem se preocupar com a maquiagem que usaria caso não acordasse. Dormiu Marilyn para acordar Jean.

Um espelho de águas brilhantes e dançantes. O despertar do sol e nós. Inclinei o rosto, fechei os olhos, senti aquele calorzinho passeando pela superfície do meu rosto e sorri. Você estava comigo e tudo era tão confortável, tinha vontade de deitar em você e deixar o mundo nos descobrir. Acordei, ainda estava coberta. Foi só um sonho bom...

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012



Todos os meus sentidos se aguçaram e eu não entendia como tudo podia ser tão lindo e assustador. Meu corpo se movimentava e as luzes alegravam as minhas pupilas. Minhas mãos acompanhavam a fumaça e tudo era riso dentro de mim. E não precisava de mais ninguém para ser assim. Andei por tanto tempo entre serpentinas e sons que passeavam em ondas pelo meu corpo. Sem saber pra onde ir, apenas indo. Sem esperar encontrar alguém, sem precisar de mãos para me guiar. O vento me protegia e eu estava segura. Consegui ignorar as pessoas e tudo era lugar dentro de mim. As cores me aqueciam e as luzes mostravam por onde andar.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


Confesse! É você que impulsiona esse desejo dentro de mim! Sua vontade é tão grande que deve chegar a sufocá-lo. Quero gritar na sua cara tantas coisas, quero arranhar com beijos e espancar com saudade. Quero causar dor, muita dor que em mim é puro prazer. O que está esperando? Não tenho paciência, nunca tive... Estou velha apenas de olhar para você. Quero mostrar todos os nomes que tatuei as marcas, beijos, cicatrizes e arranhões que exibo com tanto orgulho. Cegá-lo com meu exibicionismo. Quero explorar tudo o que dói em mim. Quero escandalizar com meu teatro e me derreter em lágrimas!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Descolorindo e descobrindo meu arco-íris!




Nossa febre contida não conteve nosso beijo. Nossa verdade dançante terminou esse frevo com tesouras no ar. Tudo entre nós fervia, cortava e evaporava. Nosso amor frenético não passou de disfarce. Nossa fantasia nos enganou e se escondeu entre rios e pontes, tudo se tornou antigo. Você foi embora, só restou ladeira e saudade. Ingrato como uma quarta-feira roubou meu carnaval e me deixou apenas cinzas.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Apenas continue...





Continue interessado no meu corpo, espiando cada arrepio e tremor. Continue passeando seus dedos nas minhas costas, dando voltas sem chegar a lugar algum e observando os desenhos que a meia e a cinta-liga fizeram nas minhas pernas. Continue me abarrotando e me sufocando com tanto calor. Continue me assistindo... Um filme polêmico, sensual e banal de Almodóvar. Continue me aplaudindo e pedindo por mais, me faça sair de dentro de um bolo vestindo apenas chantili e me beba em uma taça de Martini. Me veja como uma Lolita, uma paranóia, um desejo... Não desvie sua atenção! Me mantenha protegida e segura de mim. Eu continuo consumindo, usando, enganando... Vou descobrindo suas fraquezas e te amando sem verdade alguma. Me solte! Quero te ver olhar para mim enquanto me dispo dessa fantasia que você me ajudou a vestir, quero passar horas olhando e devorando você. Porque a única verdade que existe aqui é que eu simplesmente adoro olhar para você e enxergar a mim!

sábado, 28 de janeiro de 2012

5 da manhã.


5 da manhã. Será que você já olhou o céu hoje? Tão rosa, laranja e quente. Quente, mas sereno. Exatamente como você me vê. Talvez eu devesse mergulhar nessa paz que já existe em mim e mostrar que eu posso ser da cor que você quiser... Azul, rosa, laranja e quente como um céu. Um céu apenas seu. Um céu tão claro que você não conseguiria enxergar meus defeitos que a seus olhos seriam apenas estrelas que tornariam meu céu ainda mais perfeito. Você ficaria atento e entusiasmado para observar essas estrelas tão errantes e sinceras, esperando com uma urgência sem fim para admirar a minha noite. Uma noite de um azul profundo e intenso, um azul mais escuro do que a alma de qualquer oceano. Escuro e ainda assim claro, com uma brisa suave que passearia no seu corpo, o abraçaria e não o deixaria dormir ou acordar só. Você sempre perdoaria as minhas tempestades e não temeria as minhas trovoadas e raios. Você inclinaria seu rosto esperando minha chuva estiar e eu ficaria tão feliz dançando em você. Não cansaria de fazer cócegas no seu rosto com minhas lágrimas inquietas e concentraria toda a minha água na sua boca com um beijo sem fim.
E se um dia você não perceber minha presença ali o absorvendo por todos os lados...
Se um dia toda a tristeza e tédio tomar conta de você...
Se um dia você se sufocar com seu próprio choro e agonia...
Corra! Vá lá fora me ver! Abrace as minhas nuvens, respire o meu ar, cure suas feridas... Eu o acenderei, o confortarei e mostrarei um céu de vida que o acompanha aonde quer que você vá.
Quero oferecer janeiros de felicidade, fevereiros de carnavais intermináveis, marços cheios d'água. Adocicar sua vida em cada abril, casar com você em cada maio, fazer da sua vida um junho de festas. Trazer julhos de descanso, agostos de novos ventos, setembros cheios de flores, outubros cheios de presentes e travessuras, novembros de novos planos... E quando chegar dezembro, por favor, vá me olhar e veja que estou transbordando alegrias faiscantes. Vou encher suas pupilas de esperança e nesse momento você terá me mostrado que um céu só é muito pouco!

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Chuva.


Chuva. Está chovendo dentro de mim. Rios cruzando mares de sentimentos. É cheiro de terra molhada. Gosto de lágrima salgada. Aquele calorzinho vindo debaixo dos nossos pés. Aquele frescor no coração. Aquele alívio desesperador dentro de nós indo por fim olhar a janela... Será que já passou?

terça-feira, 24 de janeiro de 2012


Em uma tragada sinto os anos que já perdi. Em uma gargalhada vejo o meu descontrole e desespero tomando conta de mim. Em um gole sinto minha vida passar e nada mudar. Simplesmente parece que tudo toma seu rumo, tudo se encaixa no seu devido lugar e eu apenas assisto como um privilegiado expectador ou simplesmente uma peça a mais, uma peça sem destino e sem par. E o que eu sou se confunde com o que faço e nada parece ter significado coerente. Nada, nem mesmo eu consigo entender. Por que conceituar, definir e limitar tudo? A beleza fica em nossos sonhos, tudo é facilmente explicado e o que não é passa a ser ignorado.
E então? Vai mais uma cerveja?