Sentada às quatro da tarde na varanda com minhas pernas penduradas
na janela não sentia medo da altura, não sentia medo de nada. Estava feliz,
plena, leve, mais parecia que havia engolido um sol.
Então me lembrei
da conversa que tive em uma manhã inquieta quando não conseguia parar de
gesticular. Conversava com a personificação da minha consciência e
que não tinha receio algum em dizer as verdades que eu pretendia adiar e
ignorar até não restar mais nada em mim apenas o que já quase enchia um copo.
Um líquido que pesava a transbordar e que me agoniava ainda mais. Fazendo da
minha inquietação minha única característica e eu tinha que torná-la uma
atitude e quem sabe uma virtude. Precisava anular aquele sentimento e fazer da
minha viciosa característica um movimento. Diego talvez não tenha percebido, mas
seu direcionamento havia trazido consistência à minha inquietação e todas
as vozes confusas em minha cabeça agora estavam mais calmas e ditavam apenas um
discurso.
Meu caminho
mudou.
Ainda sentada com
minhas pernas penduradas e relaxadas olhando para o céu que agora escurecia e
começava a realçar alguns pontos reluzentes, lembrei de quando o ofereci meu
céu de estrelas errantes e o agradeci em silêncio por ter me devolvido minha
inspiração.
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