domingo, 24 de agosto de 2014

Quando lembro de alguém que passou por mim parece que visito um álbum de fotografias. Lembro do cenário, da temperatura da luz, do brilho nos olhos e da empolgação.
Eu lembro da primeira vez que o vi. Lembro que me olhou de uma forma como se me despisse naquele exato momento. Olhei de volta com um olhar interrogativo. E quando lembro disso parece câmera lenta. Demorei a encontra-lo de novo, mas depois virou rotina. Era sempre de passagem e o olhar era curioso agora de ambas as partes. Você passou a me intrigar. O menino da camisa azul. Passei a caça-lo em todo lugar.
Lembro quando tive certeza que você mudaria minha vida. Eu não sabia nem seu nome, estava atrás de você na fila do bebedouro. Minhas mãos ficaram molhadas, suei frio, minhas orelhas esquentaram, senti vertigem e minhas pupilas o engoliram. Ali eu disse a mim mesma “ele será meu”. E foi, pena que não por muito tempo. Lembro de adorar acordar cedo com suas mensagens, o dia amanhecia com um gosto diferente e corria até o destino final que era encontrar você. Lembro das tapiocas, da intimidade surgindo, do desejo aumentando. Lembro de cada encontro. Lembro do cinema, dos beijos nas paradas de ônibus, de doar sangue, dos presentes, dos apelidos, das promessas que não duraram e que você nem lembra que as fez.
Lembro da luz daqueles momentos e é como se eu quase pudesse tocar neles. Quando passo pelos lugares que andei com você é como se eu estivesse nos visitando e então tudo vai sumindo e tenho medo de esquecer. Medo de esquecer o que eu mais quero esquecer.

Quero que lembre de mim assim. Com detalhes, com luz e calor no coração.

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