Quando lembro de alguém que passou por mim parece que visito
um álbum de fotografias. Lembro do cenário, da temperatura da luz, do brilho
nos olhos e da empolgação.
Eu lembro da primeira vez que o vi. Lembro que me olhou de
uma forma como se me despisse naquele exato momento. Olhei de volta com um
olhar interrogativo. E quando lembro disso parece câmera lenta. Demorei a encontra-lo
de novo, mas depois virou rotina. Era sempre de passagem e o olhar era curioso
agora de ambas as partes. Você passou a me intrigar. O menino da camisa azul. Passei
a caça-lo em todo lugar.
Lembro quando tive certeza que você mudaria minha vida. Eu
não sabia nem seu nome, estava atrás de você na fila do bebedouro. Minhas mãos
ficaram molhadas, suei frio, minhas orelhas esquentaram, senti vertigem e
minhas pupilas o engoliram. Ali eu disse a mim mesma “ele será meu”. E foi,
pena que não por muito tempo. Lembro de adorar acordar cedo com suas mensagens,
o dia amanhecia com um gosto diferente e corria até o destino final que era
encontrar você. Lembro das tapiocas, da intimidade surgindo, do desejo
aumentando. Lembro de cada encontro. Lembro do cinema, dos beijos nas paradas
de ônibus, de doar sangue, dos presentes, dos apelidos, das promessas que não
duraram e que você nem lembra que as fez.
Lembro da luz daqueles momentos e é como se eu quase pudesse
tocar neles. Quando passo pelos lugares que andei com você é como se eu
estivesse nos visitando e então tudo vai sumindo e tenho medo de esquecer. Medo
de esquecer o que eu mais quero esquecer.
Quero que lembre de mim assim. Com detalhes, com luz e calor
no coração.
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